Entrando no labirinto, pequenas casas se abraçavam. A cada centímetro uma história e a cada porta e janela a visão de cada uma delas.
Eu vi e fui vista. Os olhares me buscavam procurando encontrar o além de minha pele, será que meu corpo dialogava tanto quanto os que observei? Creio que ele tenha dito algo bom sem que eu ouvesse de usar as palavras, pois logo me senti em casa.
Quando cheguei as paredes ainda estavam se vestindo, algumas tristes, solitárias e intocadas assistiam o colorir de suas vizinhas, mas mesmo nelas também repousava uma beleza única que ajudavam a compor o sentimento das ruelas.
Tudo ali, era feito de grande sentimento. E grandes sentimentos foram os que os artistas e comunidade compartilharam em um farto banquete. O tempo parou, e naquele dia sentimos nos poros a tinta, os abraços, os sorrisos, a amizade, a arte de viver que costumamos perder no nosso dia-a-dia em que somos programados a esquecer a vida.
Enquanto imprimia minha parte nessa história, uma criança me olhou e disse: - Tia! Quando eu crescer eu vou ser artista! Mas está demorando muito de crescer... , o menino não sabia, mas ele já era um artista, o mais gigante do mundo. Todo pintado de azul era ele a sua própria arte.
Enquanto pintava as letras da frase de Galeano: “Tenho saudades de um país que ainda não existe no mapa”. As crianças me perguntavam, que país é esse? Enquanto eu respondia com uma pergunta: - Como seria para vc um país muito bom? E naquele momento eu vivi um pouco do meu país que ainda não existe no mapa.
Os artistas vestiram as paredes de alegria e grito, as paredes vestiram as crianças de alegria e grito, as crianças vestiram os adultos de alegria e grito, e a alegria e o grito vestiram a rua de música e dança.
E lá no palco, não houve hierarquia. Todos somos artistas!
S.S.O 13/09/2012